segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Velhas Virgens

Velhas Virgens é uma banda brasileira de rock que já faz sucesso a mais de vinte anos. Proveniente de São Paulo, o grupo tem doze discos lançados e, gradualmente, tem ganhado espaço no cenário alternativo nacional, mesmo sem tocar em rádios, ou aparecerem em programas de TV.



A formação da banda mudou muito ao longo dos anos. Em 1986, "Paulão" de Carvalho que já tinha tocado na banda "Beba Cerveja E Seus Copos Quebrados", que era o esboço do que se tornaria a atual Velhas Virgens, conhece Alexandre "Cavalo" Dias. Atualmente, a banda se compões por Paulão no vocal, gaita e sax, Carlos "Tuca Pés-de-Arara" Paiva no baixo, Alexandre "Cavalo" Dias na guitarra e backing vocal, Roy Carlini na guitarra, Simon Brown na bateria e Juliana "Juju" Kosso como vocal e performer.

Lançaram seu primeiro CD em 1994, por meio de uma gravadora independente, a qual o dono se mostrou um vigarista e quase fez com que a banda se desfizesse. Depois do segundo, é fundada a Gabaju Records, montada pelo próprio guitarrista, Alexandre Dias.
"Nós havíamos acabado de gravar nosso terceiro CD e as perspectivas de lançá-lo não eram nada promissoras. vínhamos de dois CDs e muita turbulência. O mercado estava entrando numa época muito difícil para o rock.Resolvi então criar a Gabaju Records para lançar os CDs das Velhas por falta de opção melhor e como alternativa de negócio.", diz Alexandre.

Ele também diz que não foi fácil convencer os companheiros que uma banda independentes seria a melhor opção apra salvar as Velhas. "Todos ainda tinham aquela visão dos anos 80 em que uma banda entrava numa grande gravadora, recebia um cheque gordo de adiantamento e saia tocando nas rádios. O problema é que as grandes gravadoras já não estavam tão grandes e tão fortes e os cheques eram escassos e magros."

O fato é que a gravadora prosperou e levou ao lançamento do CD "$r $uce$$o" e os outros nove CDs.


Suas letras são, muitas vezes, "escrachadas" e até um tanto grosseiras, o que pode não agradar a muitos. Mencionando mulheres, sexo e cerveja, suas letras podem lembrar uma versão um tanto quanto mais ácida da banda, na época, mais nova, Mamonas Assassinas. BEM mais acida, na verdade. Suas apresentações são sempre criticas. Porém, tem que haver algo especial em uma banda que a faça fazer sucesso por vinte e cinco anos.

Seja o que for, O Velha Virgens com certeza o tem.

O Teatro Mágico

O teatro mágico foi criado por Fernando Anitelli que atua como vocalista e compositor do grupo. O resto da equipe foi formada por amigos e outros artistas que acreditavam no projeto. A banda não possui gravadora.
 
A equipe é diversificada, destaca-se: violão, violino, guitarra, baixo, percussão, flauta, DJs, gaita, xilofone, bateria, bandolim e sonoplastia. Além dos dez músicos da banda também há a participação de três artistas circenses e participações esporádicas de outros músicos, como a percussionista Simone Soul e músicos do grupo Cordel do fogo encantado.
 
 A banda já lançou quatro discos: Entrada para raros, segundo ato, a sociedade do espetáculo e recombinando atos. A banda supostamente só lançaria três albuns (três atos de um espetáculo), mas o líder da banda, Fernando Anitelli já confirmou que a banda continuará produzindo.
 
 
 
 
 
 
Anitelli lançou um disco solo chamado As claves da gaveta,  mas isso não alterou a frequência com que ele atuou no Teatro Mágico.

 

Banda Panamericana: Espanhol à Brasileira

Possibilitar novas roupagens e popularizar a música de língua espanhola. Esse é o principal conceito que pode-se tirar da apresentação da banda brasileira Panamericana. Dado Villa-lobos (ex-guitarrista do Legião Urbana), Charles Gavin (ex-baterista do Titãs), Dé Palmeira (ex-baixista do Barão Vermelho) e Toni Platão (ex-vocalista do Hojerizah) trazem ao palco os maiores sucessos de grandes bandas de rock de países como Argentina, Uruguai e Chile.

Mas seria desinteressante se os integrantes apenas reproduzissem famosas obras dos cancioneiros latinos em um palco brasileiro. Porém a proposta é outra: há o trabalho da releitura, da tradução. A Panamericana nos mostra uma nova visão de músicas, por exemplo, dos argentinos Fito Paez e Charly Garcia. Soda Stereo, talvez a maior banda de rock da Argentina, também não está de fora. O cover de (pegar o nome da música) tem a mesma qualidade do original.

Dado Villa Lobos, Charles Gavin, Dé Palmeira e Toni Platão recriam sucessos da música latino-americana (Foto: Leo Aversa/Divulgação)

Entre romântico e progressivo, a sonoridade da banda é simplista. Possuindo um músico de apoio ao violão e teclados, as músicas apresentadas são espaçadas com discursos sobre as bandas estrangeiras e momentos de descontração onde o Dé Palmeira diz, por exemplo, não saber que banda é aquela ou qual música que vão tocar.

Da composição do show, só elogios. Uma foi pensada pelo ex-Titã, outra a letra veio como uma parceria entre os integrantes, a seguinte um cover famoso... Tudo muito bem escolhido. Bem feito. Com bom gosto.
Aquele gosto que estávamos esperando sentir há anos (pelo menos desde os anos 80). No abismo que houve entre os 80 e os anos atuais, leia-se: brega, sertanejo e pagode, muito se discutiu, pouco se trabalhou. E esta banda vem de forma muito interessante trazendo as questões políticas e sociais de músicas espanholas com acordes de Brasília, pontuadas de baixo e melismas vocais do Rio de Janeiro e pedais e pratos paulistas.

(Colocar foto do ingresso, setlist do show e folder de divulgação autografados).

O malabarismo musical; Fleeting Circus





“Respeitável público!” Seria um jargão interessante ou ao menos pertinente para se iniciar uma crítica, um breve ensaio ou quaisquer palavras soltas que tentem refletir a proposição dessa banda. A começar pela designação que rege toda a discussão: bandas independentes. Este seria um assunto que não conseguiríamos esgotar tão somente pela análise das bandas blog. Partindo de um lugar comum de que as bandas independentes seriam alheias a um contrato com uma grande gravadora, ou aquelas que tem total liberdade sobre seu produto musical podemos criar diversos questionamentos. Não é mais necessário uma assinatura ou a rubrica em um contrato de incontáveis folhas para ter seu trabalho associado a uma marca ou ideia. Hoje temos mesmo os que podem se autointitular de ‘produtores independentes’ regendo o trabalho autoral para determinados nichos, vozes, e claro, relações que por muitas vezes podem minar todo esse conceito de liberdade criativa; o que torna essa palavra ‘independente’ tão contraditória e complexa. Mas isso é interessante somente para pensarmos na pluralidade de caminhos que ela pode nos apontar.

Aquém aos meandros que ditarão o que é independente ou não, apresentamos: Fleeting Circus!!! As exclamações não fazem parte do substantivo próprio do nome, mas considerei enfático colocá-las, afinal resolvi escrever sobre eles pela relevância que tem despertado no cenário musical até então. Uma banda formada no Rio de Janeiro que teve seu batismo realizado a pouco mais de 2 anos, mas suas ideias e composições parecem atravessar uma década. Ainda que conhecido por mim bem posteriormente, lançaram o seu primeiro EP em 2011 – ano de criação da Fleeting Circus – intitulado “Dream World of Magic”, com uma pretensão já bem maior do que uma banda que lança um primeiro trabalho para divulgação entre amigos na faculdade e aí, quem sabe pinta algo maior. As composições são todas em inglês, partem de um discurso de circulação desse produto musical pr’além do mercado brasileiro e sua hegemonia excludente, sendo assim “uma proposta global do som”.  Em suas letras falam bastante sobre introspecção, pensamentos que surgem como um turbilhão; essas ideias latentes que nos fazem acreditar que podemos ir além da limitação que envolve essa palavra, estas podem também ser algo tangível; como a música. Canções como “Hurricane” ilustram essa grande movimentação de ideias justificadas em sons. 


Performance da Unicirco na Vila Cruzeiro com a música 'Hurricane'.

Fleeting Circus!!! Novamente as exclamações e, entendam, é importante voltarmos ao nome, pois em 2012 fizeram parte de um projeto inovador tanto para a banda quanto para a vertente artística em que se inseriram. Bem vindos, senhoras e senhores, ao CIRCO! Agora sim parecem justificar seu batismo, não?! Através de um convite, o grupo concebeu e ensaiou a trilha sonora para o espetáculo “Unicirco Rock Show”. Para além dos estereótipos das músicas de circo que nos vem a cabeça de imediato, as apresentações ganharam uma nova roupagem com guitarras distorcidas e linhas de baixo que faziam o peito do espectador reverberar com os graves. A ideia pode parecer confusa, misturando rock e circo, mas pensem no número de malabaristas, equilibristas, toda a tensão gerada por seus corpos, a movimentação e a expectativa gerando todo aquele furor ao público; tudo isso ambientado por uma banda que só acresce mais exclamações as apresentações:

Imagem do Espetáculo 'Unicirco Rock Show'

Vídeo promocional do espetáculo "Unicirco Rock Show"

Todo o EP permeado de referências ao espetáculo, desde a sua capa até as suas músicas tem influências que flertam entre si, mas sem se perder da proposta original e de uma identidade própria do som. Trazem elementos do Rock Alternativo, New Prog e também do Post Rock. O vocal bem harmônico com a música, berrado na medida certa me remete muito as bandas grunges surgidas no final da década de 80 e também algumas outras surgidas a partir desse movimento, tais como Foo Fighters. Não me parece tão distante comparar o Taynã, vocalista com a presença e vocais de Dave Grohl, através das músicas carregadas e uma voz bem marcante. As melodias e arranjos me fizeram viajar e digo isso no sentido mais amplo da palavra com uma referência que me era bem clara: Jeff Buckley. Constatei pesquisando e afirmando o artista como uma das referências da banda. Um som atemporal, trabalhado em muito com seus acordes dissonantes e com uma proposta pra além do comercial. Fleeting Circus conseguiu me despertar esse ímpeto dentro do seu trabalho. Acompanhando esse ritmo a cozinha da banda também me despertou um interesse particular, o baixo e a bateria bem alinhados mostram a energia e a criatividade da banda, principalmente em um dos seus singles “Fake Station” onde exploram bastante a linha instrumental. Essa música conseguiu me transportar para os primeiros discos do Muse, tal como ‘Origin of Symmetry’.  Falando em single, essa música foi inclusive uma das trilhas da novela “Guerra dos Sexos”. Interessante pensar nessa ferramenta como um processo de legitimação para o artista. Ter sua música envolvida nesses grandes meios midiáticos, independente do seu contexto sempre agrega valor a obra, independente também se o público atingido seja o correspondente ao segmento musical. 

Capa do EP - "Dream World of Magic"

A banda/performer/circense se encontra em estúdio gravando seu novo disco de inéditas, o que não anula nem esgota ainda todo trabalho já produzido, que por vezes se encontra em looping tocando nos aparatos de som aqui de casa. Mérito para os integrantes que souberam aliar diferentes vertentes artísticas dentro da sua proposta, mantendo-se atual aos novos meios de comunicação e difusão do trabalho, também trazendo uma música original e pertinente dentre uma grande rede musical saturada pelos inúmeros trabalhos da ordem do mesmismo.

Vídeoclipe oficial da música 'Fake Station'


Para conhecer mais sobre o trabalho da Fleeting Circus:
http://www.fleetingcircus.com/



*Todas as imagens foram retiradas da rede social da banda.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Von Graf





Ouvir o primeiro cd da Von Graf, autointitulado, é observar o nascimento de uma banda de sangue jovem com muita vontade de fazer rock. É possível ouvir a vontade de jovens que gostariam de ter nascido em outras décadas, mas que não reclamam disso porque sabem que hoje podem beber de diversas fontes e misturar seus ídolos de diferentes períodos temporais como bem entenderem. E eles soam bem buscando seu próprio som.
A primeira impressão é de uma banda de garagem com um som que soa como Jet e Autoramas, querendo agradar as meninas que querem dançar e os meninos que só querem bater cabeça. Os integrantes bem jovens claramente beberam na fonte do rock alternativo que surgiu a partir dos anos 2000 nos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.
O cd segue dissecando todas as bandas que os integrantes estiveram ouvindo desde que começaram a fazer downloads. O backing vocal de “A boliviana” parece uma homenagem à influência do Cachorro Grande na formação da banda. O riff fácil e repetitivo dessa mesma faixa remetem a Jet, The Hives e Kaiser Chiefs. É claro que estes novos nomes são apenas as sonoridades mais recentes, remetendo a um passado mais distante é possível ouvir The Who em suas playlists de referência, assim como estiveram nas bases de seus ídolos mais recentes.
Leve experimentações com sintetizadores e distorções depois de “Chega mais perto” deixam no ar a influência dos anos mais maduros de Led Zeppelin, Beatles, e por que não relembrar Raul Seixas? Mas todos estes sons muito bem camuflados pelas atuais tecnologias que dão nova roupagem à psicodelia sutil existente em algumas músicas.
Ao final do álbum, depois do combo de músicas dançantes, baladas e visível esforço em procurar uma nova sonoridade dentro do quase desgastado indie rock, devemos considera-los bem sucedidos para uma primeira tentativa. A Von Graf está pronta para começar. Seguiu às riscas as regras do mercado. Seus integrantes vestem sempre ternos ajustados em shows e em fotos de divulgação. Suas músicas soam como os mais famosos do rock alternativo que estão em alta há uma década. Até mesmo se utilizaram da estratégia de começo de carreira do Arctic Monkeys ao distribuir seus cds gratuitamente nos primeiros shows. Apesar de muito jovens, seus integrantes fazem um rock que sonha em ser grande, são letrados sobre o que o mercado gosta e prometem uma boa evolução à frente.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Diferencial


A banda Yellow Dogs tinha tudo para me encantar. Aquela influência do lado punk que mais me agrada, guitarras barulhentas e dançantes e aquela refrescante memória de Talking Heads ou Joy Division. Já faziam um enorme sucesso na cena independente mundial, já haviam sido entrevistados para a CNN e participado do aclamado filme No One Knows About Persians Cats, sobre a repressão ao Rock no Irã. Sim, não bastavam serem roqueiros barulhentos, eles ainda gostavam de ser assim em Teerã, terra de um dos maiores regimes autoritários religiosos do mundo e que considerava o estilo da banda "prejudiciais ao Islã" segundo o Ministério da Cultura e Orientação Islâmica. Fugiram para os Estados Unidos em 2010 e lá permaneceram, fazendo seus shows e sendo relativamente conhecidos. Até que recentemente alguém (algumas notícias falam de compositor, outros de ex-integrante, o certo é que era alguém conhecido) enlouquece e mata metade da banda. Vizinhos relatam que ouviram pelo menos 50 tiros.
Escrevo estas linhas porque vi essa notícia primeiro no site do jornal 'O Globo'. Meu primeiro ato - antes mesmo de terminar de ler o texto - foi apertar o Ctrl + T e na nova aba procurar um clipe deles no You Tube. Veja bem, eles já eram conhecidos na cena independente, já tinham seus pés mesmo que pouco na grande mídia e eu - aquele cara meio orgulhoso de ter 80% de bandas independentes no iPod - precisou esperar que eles levassem um tiro para que eu no alto da minha arrogância fosse buscar o som deles como um coveiro procura dentes de ouro enterrados com os donos. A música nem havia acabado e eu já refletia sobre isso e me sentia culpado. Eles já estavam preparados para me agradar. Por que nunca ouvi antes?


A verdade é que a universalização do acesso não só à ferramentas de divulgação como de a produção fonográfica gerou um boom de bandas independentes. Elas sempre existiram, só que agora conseguem falar mais alto. Isso gera uma alienação pra fora com as gravadoras massificando poucos artistas como gera uma alienação pra dentro, com tantas bandas disputando esse livre porém saturado mercado, como urubus que chegam a dar cabeçadas uns nos outros na hora  de arrancar um naco da carniça. Nesse grande Mercadão de Madureira musical, não faltam bandas independentes boas, me faltam é Gigabytes o bastante. Quem ouvir? É aí que entra o diferencial.

Nossa sociedade (a humanidade no geral, talvez) é atraída pelo espetáculo, seja para o bem ou seja para o mal. Um acidente de carro pára o lado da Linha Vermelha em que ocorre, mas também provoca lentidão no outro, pois queremos assistir de camarote as pessoas presas nas ferragens. Uma ex minha comentou que não conseguia parar de ver o clipe de "Show das Poderosas" porque ficava impressionada com o tamanho do busto da Anitta. Fiquei pensando que curioso que num produto que preza essencialmente pela divulgação de uma música o que mais chamou a atenção não foi algo musical.

(Fiquei pensando também que curioso que nunca havia reparado que minha ex é meio lésbica, mas isso é outra história)

E é aí que as bandas se desdobram para chamar a atenção. Não existe nada de realmente novo no som do Teatro Mágico, mas se vestir e maquiar como se o mundo fosse um grande D.A. de Letras é o que chama mais público para ouvir - e gostar, pois é agradável - o som. A imagem chegou antes, assim como pra mim no caso do Yellow Dogs a tragédia chegou primeiro. Para conseguirem serem ouvidos por alguma gravadora, uma banda aqui de onde eu moro em 2000 (mentira que 2000 já foi a 13 anos atrás...) vestiu um anão de duende e duas modelos de mamães-noel, enfiou a trupe numa limosine e foram eles que entregaram de porta em porta o Demo da banda. Garantiram um contrato com a Universal. Sumiram da mídia tão rápido quanto, mas veja só, se destacaram no meio de 500 bandas iguais por um detalhe que não tem a ver com algo artístico.

E esse é o cenário que as bandas independentes tem que encarar atualmente. É preciso muito mais do que fazer boa música, é preciso encontrar o diferencial, o que chama a atenção para que você pegue o ouvido alheio desprevinido e possa enfiar acordes pra dentro. Ou esperar que o diferencial te encontre, como as balas do semiautomático que matou metade dos Yellow Dogs.